Sérgio Monteiro "não tem condições para continuar", diz BE
O secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, esteve hoje na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas para prestar esclarecimentos sobre os pagamentos feitos à Lusoponte.
No final da audição, que durou mais de três horas, os partidos da oposição mostraram-se insatisfeitos com as explicações dadas.
"Não ficamos satisfeitos com a falta de explicações que o senhor secretário de Estado hoje aqui deu", disse o deputado do PS Fernando Serrasqueiro que, durante a audição, confrontou Sérgio Monteiro com dois despachos sobre o novo acordo a assinar entre o Governo e a Lusoponte.
"Relativamente aos dois despachos do secretário de Estado, ficamos perfeitamente conscientes que respondeu às solicitações da Lusoponte [e] temos dúvidas que tenha salvaguardado os interesses do Estado", disse.
"Parece-me que o senhor secretário de Estado não está a defender os interesses do Estado. Achamos que deve tirar daí todas as ilações", acrescentou Fernando Serrasqueiro.
Também a deputada do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou que Sérgio Monteiro "foi incapaz de explicar o que aconteceu com o duplo pagamento" à Lusoponte.
"O que ficou claro e sabemos todos é que a Lusoponte recebeu duas vezes: recebeu as portagens que foram pagas em agosto e recebeu a compensação que o Estado teria de lhe pagar se não tivessem existido portagens em agosto", disse.
Catarina Martins afirmou que, "por ação do senhor secretário de Estado, existiu este duplo pagamento", recordando que "o primeiro-ministro disse em plenário, em resposta a Francisco Louçã, que o duplo pagamento não existia".
A deputada defendeu que "o Governo deve ponderar se o senhor secretário de Estado dos Transportes tem, ou não, condições para continuar no cargo depois de tudo o que aconteceu e depois até de ter induzido o senhor primeiro-ministro a faltar à verdade no plenário".
Catarina Martins afirmou que, para o BE, Sérgio Monteiro, "não tem condições para continuar" no cargo.
Já o deputado do PCP Bruno Dias considerou que os pagamentos à Lusoponte são "um problema político que vincula o Governo".
"Há aqui uma opção política que, ao que tudo indica, está a ser apoiada e levada por diante pelo Governo como um todo e, portando, isto é uma política que tem de responsabilizar o secretário de Estado, o ministro da tutela e o primeiro-ministro", sustentou.
Quando questionado pelos jornalistas sobre se Sérgio Monteiro tem condições para continuar em funções, Bruno Dias afirmou: "Tenho dúvidas que este Governo tenha condições para continuar no cargo".
Já Luís Menezes, do PSD, saiu da audição do secretário de Estado com uma visão diferente: "O senhor secretário de Estado foi muito claro em todos os aspetos desta audição, que não se resumiam apenas à Lusoponte".
O deputado disse que "a questão da Lusoponte ficou muito clara desde o início: não haverá qualquer sobrecusto para os contribuintes, não houve duplo pagamento, houve uma questão legal que está a ser dirimida".
Luís Menezes afirmou ainda que o PS teve uma "postura pouco construtiva" durante a audição, tendo-se preocupado apenas "em fazer mais um número político e não em esclarecer".